Pesquisadores da USP mapearam mil pontos de escorregamento de solo na cidade de São Sebastião.
O levantamento foi feito após as fortes chuvas de fevereiro de 2023, que resultaram na morte de 64 pessoas. Utilizando imagens aéreas, o estudo foi publicado no Brazilian Journal of Geology e estará disponível online para consultas.
A maioria dos deslizamentos identificados ocorreu em áreas naturais, fora de zonas urbanas, mas esse mapeamento é crucial para planejar ações que previnam novos desastres. “Choveu 683 mm em 15 horas, algo muito fora do padrão, o que fez o solo saturado ceder”, explica o professor Carlos Henrique Grohmann, coordenador do projeto.
Os deslizamentos são comuns em regiões montanhosas, como a Serra do Mar, especialmente quando há chuvas intensas. O estudo pretende ajudar na criação de políticas públicas ao identificar áreas de risco que podem ser afetadas em futuras chuvas.
Nova tecnologia de mapeamento
Para melhorar o monitoramento, a cidade será mapeada usando a tecnologia LiDAR, que utiliza um sensor de laser acoplado a aviões ou helicópteros. Isso permitirá um mapeamento mais detalhado e preciso do relevo. Grohmann destaca que essa tecnologia ajudará a expandir o modelo de análise para outras áreas da Serra do Mar, que compartilham características semelhantes com São Sebastião.
Em 2018, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) já havia identificado cerca de 2,2 mil casas em áreas de risco de deslizamento na cidade. Após a tragédia, esse mapeamento está sendo atualizado.
Ações preventivas da Prefeitura
A Prefeitura de São Sebastião, embora ainda não tenha sido contatada pelo grupo de pesquisadores da USP, afirmou estar aberta a colaborar com o estudo. Em nota, o município destacou que já tem tomado medidas preventivas, como a instalação de sirenes no bairro Vila Sahy e a criação de uma estação meteorológica em Ilhabela, em parceria com o governo estadual. A prefeitura também está revisando seu Plano Municipal de Redução de Riscos (PMRR) e investiu mais de R$ 200 milhões na recuperação das áreas afetadas.
Além disso, a Secretaria de Educação tem levado conscientização sobre riscos e evacuação para as escolas, preparando a comunidade para lidar com futuros desastres.
A combinação de novas tecnologias de mapeamento e ações preventivas é vista como fundamental para evitar tragédias como a de 2023.